Ao estudar as “Permanências”, ou seja, os elementos de quotidiano que foram vividos pelos portugueses ao longo do tempo, notei a importância da herança greco-romana, que se manifestou essencialmente nas artes. Alegorias à mitologia e memórias de episódios da história de gregos e romanos são ainda hoje observáveis em inúmeros monumentos por todo o país, inclusive no painel que foi pintado propositadamente para a sala do plenário da Assembleia Regional dos Açores. Nos séculos XVII a XIX, em vários pontos da Europa, foram erguidas estátuas em que monarcas eram representados como se fossem um imperador romano. Um dos projectos da estátua de D. José I existente no Terreiro do Paço, em Lisboa, também desenhou o soberano português em trajes de imperador romano. E se aqui, a ideia não vingou, venceu noutras cidades. Referi no livro, a este propósito, as estátuas de Luís XIII, na Place des Vosgues, em Paris, a de Frederico V em Copenhaga e a de Paulo I em São Petersburgo. No caso da de Luís XIII, trata-se de uma segunda estátua, fabricada depois da Revolução Francesa, mas já a primeira seguia o mesmo tema, como se pode ver pelas imagens aqui apresentadas. Nesta publicação acrescento ainda a estátua de Luís XIV, erguida no século XIX, na Place des Victoires, em Paris. São, pois, testemunhos de uma memória colectiva europeia, de que Portugal é co-participante.