A identidade nacional interessa mais a uns do que a outros, mas os seres humanos forjaram laços de pertença, assentes na língua, no território e em memórias reais ou mitificadas que os ligam mais a uns do que a outros, e que definem a própria existência de cada um. As nações não existem na natureza, mas os seres humanos inventaram-nas enquanto se adaptavam aos espaços em que se fixavam e hoje são dominados, em grande medida, pela sua própria invenção.
Portugal é um dos estados-nação mais antigos do mundo, o que se deve à sua situação geográfica peculiar e à vontade da população que o habita, que ainda antes de ser uma nação foi um raríssimo estado-língua, desde 1297. Com efeito, o Tratado de Alcanizes, assinado por D. Dinis e por Fernando IV de Castela definiu uma fronteira que englobava dentro de si todos os falantes de português e só os falantes de português. Situado num espaço periférico do continente europeu, tendo apenas um estado vizinho, este monolinguismo acelerou sentimentos de pertença colectiva que já se manifestaram na crise de 1383-85 e que se consolidaram irreversivelmente ao longo do século seguinte, enquanto o país estendia a sua influência pelos oceanos e ganhava a dimensão oceânica, o que reforçou a sua capacidade de resistência às ambições hegemónicas do vizinho, como se comprovou em 1640.
Como português, sempre reflecti sobre o meu país, que fui conhecendo através de viagens intermináveis, conhecendo as suas paisagens, percorrendo estradas, calcorreando caminhos, visitando os monumentos e os museus, saboreando uma gastronomia versátil e sempre tentadora e conversando com as gentes. Como historiador, sempre me senti desafiado a perscrutar a longuíssima duração, a não me encerrar em cronologias breves ou a me render ao facilitismo de repetir a centenária divisão da História em eras, épocas ou idades.
Por tudo isto, resolvi reflectir sobre o meu país com a minha experiência de leituras e de viagens e o olhar de historiador, para tentar responder a uma pergunta simples: porque é que Portugal existe há 900 anos? O princípio da resposta está no livro Portugal na História. Uma Identidade. E neste espaço continuarei a responder à mesma pergunta.
Em 1985, José Mattoso publicou Identificação de um país. Ensaio sobre as origens de Portugal, 1096-1325. Na introdução explicava que o objectivo da sua obra era apresentar uma visão global de Portugal. Embora o meu objecto seja muito mais amplo na cronologia, o ponto de partida é o mesmo, ou seja, tentar perceber Portugal. Mattoso apresentou-nos então um estudo sistemático sobre a sociedade portuguesa que se desenvolveu nos primeiros séculos do estado independente e focou-se sobretudo nas características internas do país. Disse então que “a nacionalidade é um dado que me define a mim próprio e por isso me interessa, mas não constitui para mim um valor absoluto” , e eu e muitos milhões de portugueses diremos o mesmo. É verdade que no mundo globalizado dos nossos dias, os sentimentos de pertença se multiplicam e uma ínfima franja das sociedades (tendencialmente mais politizada) tende a diminuir a importância das nações como elemento identitário, mas a realidade vivida pelos povos continua a estribar-se por todo o mundo nesse sentimento de pertença a uma entidade agregadora, associada a um determinado território, e a que convencionámos chamar nação.
Mattoso disse, por isso mesmo, que o fenómeno da nacionalidade “não se pode ignorar quando se toma um país como unidade de observação” e eu e muitos milhões de portugueses continuamos sintonizados com essas palavras. Aliás, independentemente de certos discursos ideológicos que negam ou diabolizam a importância das nações, nos dias em que comecei a escrever este livro, em vésperas de uma eleição para a presidência da República, ouvi a candidata do Bloco de Esquerda dizer que se candidatava “à mais alta magistratura da nação” ; ora é esta ideia de “nação”, despojada de complexidade intelectual , que Marisa Matias referiu naturalmente como um conceito comum e perceptível à esmagadora maioria da comunidade de portugueses, que estará em análise neste livro. O mesmo conceito está subjacente à entrevista que atleta olímpica Patrícia Mamona concedeu nas vésperas dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em que falava do seu sentimento de pertença a uma pátria portuguesa e em que afirmou que “acima da competição é preciso ter amor à pátria” .
No entanto, ao analisar a nação ao longo do tempo, estarei acima de tudo, a buscar o conceito que a alimenta, ou seja, a ideia de Portugal enquanto entidade aglutinadora. E se, na senda de Mattoso, procuro compreender o país, além de lhe acrescentar uma cronologia totalizante, procuro explicá-lo também a partir de fora. Na verdade, para responder à pergunta “porque é que Portugal existe?” não basta olhar para o país como se este vivesse, se constituísse e se afirmasse “orgulhosamente só”, mesmo que essa narrativa seja recorrente desde os primórdios da cronística em Portugal. Pelo contrário, desde as suas origens, Portugal tirou partido da sua utilidade para a Europa e para o mundo como estado facilitador das comunicações e impedidor da unidade ibérica, pelo que uma boa parte da resposta aos problemas que me interessam só se alcança através de uma visão internacional da existência de Portugal.
O que tem em mãos é, pois, uma visão de conjunto – uma explicação para a existência do país ao longo da História e não uma descrição da sucessão de acontecimentos que marcaram a evolução do país. Privilegia-se um olhar que apreende um sentido global sem explicar o particular, pelo que é natural que os especialistas do pormenor possam apontar situações contrárias a essa globalidade, seja nas temáticas, nos regionalismos ou no tempo breve. Nesta reflexão a complexidade do singular será sacrificada à coerência do plural, pois este livro não vê Portugal ao longo do Tempo através de uma sucessão de imagens captadas por lentes telescópicas ou microscópicas, mas apresenta antes Portugal visto pelo olhar de uma grande angular. Julgo, assim, poder classificar este livro como um ensaio historiográfico de geo-estratégia, mas se não se preocupa com catalogações, muitas vezes artificiais, prometo-lhe simplesmente uma reflexão sobre Portugal.
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Note ainda que se trata de uma obra amoral, desinteressada de valores e de utopias. O que está em causa é perceber porque é que Portugal existiu como entidade indissolúvel, mesmo quando perdeu a independência, mas sem exaltações nem condenações, sem apogeus nem decadências. Assim, uma singularidade excepcional como é o facto de o país ter a fronteira terrestre mais antiga do mundo, por exemplo, não será vista como uma proeza de heróis, mas será apenas entendida como o resultado de uma sucessão de acidentes, ainda que estribados no aproveitamento da Geografia, e alimentados, é certo, por uma resiliência peculiar da população e também pelo facto de o país vizinho nunca ter desejado, desde o século XIV, conquistar pedaços do território e ter aspirado sempre à submissão do todo, como conseguiu momentaneamente entre 1580 e 1640.
De igual modo, os testemunhos dos agentes políticos que traçavam quadros negros sobre a sociedade do seu tempo nunca serão assumidos como sendo reflexos precisos da realidade, do mesmo modo que não se segue o mito de que os estados buscam a felicidade comum dos seus cidadãos, conforme a retórica dos agentes do poder em todos os tempos. Como os leitores bem sabem, os discursos dos políticos de hoje espelham sempre um ponto de vista adequado a um ideal de sociedade que é inexistente e que funciona como uma utopia motivadora da acção política. Por isso, não se pode fazer a História de uma sociedade usando como fonte as análises de um único agente, seja um líder partidário, seja um religioso ou um filósofo – as suas opiniões são sempre enviesadas e têm sempre opositores que as negam e que dizem praticamente o contrário, o que não significa sequer que uns ou outros tenham razão. Ora se não posso usar o testemunho singular de um líder dos nossos dias para explicar correctamente a História do meu tempo, percebam que os textos exaltantes ou verrinosamente críticos dos agentes do passado têm de ser vistos igualmente com cuidado.
Além disso, numa análise deste tipo não olho nem para o passado nem para o presente de acordo com um certo ideal, seja de bem-estar, seja de sucesso económico ou de desenvolvimento cultural. Temos sempre uma tentação de julgar o passado e de o observar pelos nossos próprios olhos, mas mesmo no presente, a nossa lente de observação do que nos rodeia está quase sempre embaciada. Não nos podemos esquecer que tantas vezes o menos abonado, que nunca saiu de uma comunidade com pouco conforto material, foi mais feliz do que o rico viajado; não esqueçam que nos nossos dias as taxas de suicídio mais elevadas coincidem com países que, segundo certos modelos, proporcionam mais bem-estar e mais cultura aos seus cidadãos, o que afinal não é necessariamente a solução ideal, porque o ser humano, na sua individualidade, é mais complexo do que qualquer utopia. Analisa-se o país sabendo que sempre teve ricos e pobres, altruístas, cínicos e corruptos, satisfeitos e insatisfeitos, privilegiados e injustiçados, em que a desigualdade foi persistente, como no resto do mundo, até à actualidade; ou ainda um país que tem elites individualizadas e massas indistintas, letrados e analfabetos, uns e outros cultos ou incultos, urbanos e rurais, conformados e sonhadores. A ideia de Portugal uniu sempre essas pessoas tão diferentes, e até concorrentes entre si, numa coesão nacional, ela própria de expressões diferenciadas.
Entenda ainda que, da mesma forma que não procuro explicar a existência milenar Portugal sob o prisma de qualquer utopia social ou civilizacional, também não desejo descortinar nenhum desígnio que a natureza ou qualquer força transcendente tivesse atribuído a Portugal. Por isso mesmo o povo português será apresentado como um povo normalíssimo no contexto das nações, nem extraordinário nem atrasado, pois todas as considerações que vos fiz atrás se aplicam a qualquer um dos povos do mundo globalizado.
A cultura de um povo não está circunscrita às regras de uma elite nem a certos preconceitos intelectuais; naturalmente, nenhum cidadão aprecia todas as manifestações culturais do seu povo, mas pelo menos neste livro não haverá dicotomia entre uma cultura “evoluída” ou “erudita”, e outra “bisonha” ou “popular” como é referida habitualmente pela elite. Aliás entre as muitas pessoas que preferem o Big Brother, e sobretudo entre as que bailam nas romarias ou nos Santos Populares ao som de música pejorativamente dita «pimba», contam-se decerto muitos membros de grupos de teatro da paróquia ou da Junta de Freguesia, ou de tantas outras instituições culturais que existem por todo o país, mais professores de todos os níveis de escolaridade ou autarcas. Talvez me ajude a evitar esses preconceitos o facto de eu próprio tanto frequentar os teatros e me deliciar com a ópera, como ser adepto fervoroso e ululante nas bancadas dos estádios de futebol e de ser comentador residente do canal televisivo do meu clube do coração.
Julgo que, nesta matéria, estarei, aliás, próximo dos homens bons de Torres Novas que, em 1439, apresentaram uma petição às cortes para que os homens analfabetos do concelho que fossem “honrados, discretos e entendidos” pudessem ser eleitos para o cargo de juiz, a par de outro com iguais competências de cidadania e com a acrescida capacidade de ler e escrever , o que foi autorizado pela coroa. Ontem como hoje, as capacidades de uma sociedade não se resumem nem se explicam apenas por somatórios de canudos e antecipo, por isso, uma primeira referência aos milhares de pessoas espalhadas pelo país que, tendo uma formação escolar pouco desenvolvida, desenvolvem nas filarmónicas uma cultura musical activa que eu, e a maioria dos letrados, só sabemos apreciar, pois olhamos para uma pauta musical como burro para palácio. Acrescento ainda o exemplo de Lourença Pinto que, a 26 de outubro de 1822 fez sociedade com Joaquim Carvalho e se tornou na primeira empresária da indústria do papel em Portugal, como nos é recordado no Museu do Papel, em Paços de Brandão, no concelho de Santa Maria da Feira. Lourença Pinto, que fabricava papel para que as pessoas escrevessem e lessem, e que era, pois, uma dinamizadora da economia e da literacia, era, contudo, analfabeta. Lembro ainda a primeira frase do discurso de José Saramago (1922-2010) quando recebeu o prémio Nobel da Literatura, em Estocolmo, a 7 de dezembro de 1998: “o homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever” . Concluo esta nota com um apontamento pessoal, pois muitos já me ouviram dizer que uma das pessoas mais sábias com que me cruzei, foi o Sr. Sidnei, o motorista que me transportou por mais de mil quilómetros numa viagem inesquecível entre Cuiabá, no Mato Grosso, e San Ignacio, nas montanhas bolivianas, em maio de 2014; quase iletrado, o Sr. Sidnei tinha ideias estruturadas sobre a Existência, e falava sobre os seres vivos e o Transcendente com uma clareza feita de palavras simples, mas profundas. Emociono-me cada vez que me lembro dele.
Se um dia resolver escrever sobre a minha concepção de uma sociedade ideal, dar-vos-ei conta das minhas parcialidades, mas por agora remeto-me à tarefa simples do historiador ensaísta que não busca nem sucessos nem fracassos, muito menos oportunidades perdidas ou idades douradas e que apenas procura explicar o que aconteceu e que possibilitou que uma minúscula população, heterogénea e imperfeita como todas, baseada num pequeno território, sobreviva autonomamente há quase 900 anos, que tenha um forte sentimento de pertença colectiva há mais de 600 anos, e que tenha produzido uma língua própria que se tornou numa das mais faladas da humanidade – a terceira europeia com mais falantes no mundo, a mais falada no hemisfério sul, e que é a única língua não oficial da UNESCO com direito a um dia mundial, a 5 de maio. E, como veremos, é certo que nada disto resultou da execução bem-sucedida de um qualquer plano fosse dos homens fosse dos deuses.
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Este livro baseia-se numa experiência académica de décadas, complementada por uma itinerância pelos cinco continentes, e deambulações por centenas de museus, bem como pela leitura de romances e visualização de filmes. A Arte em geral, e a literatura em particular, ocupam, de facto, um papel relevante na sustentação deste livro, pois não tenho dúvidas de que a expressão artística é um reflexo do ambiente que inspira o autor e também da própria identidade nacional, como também defende Ana Gil . Cada quadro, cada texto ou cada filme oferecem-nos retratos as mais das vezes tão parciais quanto a narrativa de um cronista ou a proclamação de um político; constituem, por isso mesmo, uma outra série de informações que podem e devem ser cruzadas com as demais, para melhor percebermos o passado na sua evolução até ao presente.
Entendo, ainda, que uma reflexão sobre uma nação se aperfeiçoa pela viagem: em primeiro lugar porque ao percorrermos sistematicamente as estradas e as ruas do seu território nuclear, convivendo com pessoas e paisagens, ficamos a conhecer de facto a sua geografia, e as suas marcas de unidade e de diversidade. Quando prosseguimos a itinerância para lá da fronteira, ficamos a saber como é que é que Portugal é evocado nos monumentos e nos museus dos países com que partilhou pedaços da História. Além disso, podemos perceber melhor até onde se estende a nossa civilização e onde é que se dão as rupturas; por exemplo, basta deslocarmo-nos cerca de 500 quilómetros para encontrarmos uma organização social, uma vivência religiosa, um modelo de urbanismo e uma cultura material muito diferenciada em Tânger ou em Casablanca, mas damos por poucas diferenças quando visitamos museus etnográficos desde a costa ocidental da Irlanda até Astrakhan, na embocadura do Volga. Aliás, ao visitar uma casa-museu em Astrakhan, revi móveis que conheci em criança na casa dos meus avós maternos. Estou certo de que esses contrastes e continuidades experimentados in loco criaram ferramentas mais sólidas no meu espírito para falar de Portugal.
Assim, além de apresentar um enquadramento da história do país no mundo, o livro procura mostrar como a História está à vista de todos e não apenas na inacessibilidade da erudição académica. Nesse particular quero realçar o progresso extraordinário da Arqueologia histórica e da Museologia nas últimas décadas, que contribuíram para um melhor conhecimento da cultura material do passado. Nos últimos trinta anos foram criados ou reformulados dezenas de museus por todo o país, virados para a história local e para determinadas temáticas, que foram idealizados e organizados por historiadores, arqueólogos e museólogos competentes, e que proporcionam aos visitantes sínteses informativas adequadas e uma visualização segura do passado, seja pelos objectos de outrora, seja pelas recriações que são apresentadas.
Cito a título de exemplo o museu municipal de Silves (1990) maravilhosamente concebido em torno de um poço almóada; o Museu dos Lanifícios da Covilhã (1998); o Museu do Vinho da Madalena, na ilha do Pico (1999); o Museu da Alfândega Régia (2001) junto com a nau quinhentista em Vila do Conde (2007); o Museu Judaico de Belmonte (2005); o Núcleo Museológico de Machico (2007); a Casa-Estúdio Carlos Relvas, na Golegã (2007); o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (2008); o Museu da Geira (2013), em Campos de Gerês, dedicado à via romana que por ali passava; o Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos (2013); o Museu da Vista Alegre, em Ílhavo (inaugurado em 1947, mas amplamente remodelado em 2001 e 2014-16); o Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves (2016). São apenas alguns exemplos de instituições de grande nível que estão dispersas por todo o território nacional e que são testemunhos diversificados de uma história local que também é global. A lista é muito mais vasta, mas os exemplos assinalados deixam claro que há muita informação de grande qualidade espalhada por todo o país e que a Cultura, além de não estar confinada aos centros urbanos principais, está viva e continua a manifestar-se de uma forma descentralizada, através do esforço de entidades autárquicas, de fundações privadas e de milhares de cidadãos generosos, e com um profundo espírito cívico.
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Dividi a minha reflexão em duas partes.
Começo por mostrar as permanências, ou seja, as dinâmicas centenárias, muitas de origem milenar, que detectamos desde as origens de Portugal e que continuam presentes na nossa sociedade contemporânea. Apesar da globalização dos nossos dias, que aproxima os seres humanos de todo o planeta, o nosso quotidiano continua a ser marcado por especificidades que, em regra, não resultaram de mudanças repentinas ocorridas nas últimas décadas, mas que representam antes a expressão actual de práticas sociais, políticas ou científicas, e de convicções ou de modelos de negócio com origens nas profundezas do Tempo.
A segunda parte será dedicada à sequência cronológica, em que apresento uma sucessão de conjunturas. Refira-se que a definição de cronologias depende sempre do ponto de vista do autor e que, por isso, a cronologia deste livro só se adequa ao ponto de vista a que eu procuro responder. Se o foco fosse outro, como a evolução política, a expressão artística, as dinâmicas económicas ou a vida religiosa, decerto que a sequência dos acontecimentos seria arrumada de modo distinto.
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Este livro não tem nem um carácter enciclopédico nem erudito, pelo que não tem por objectivo apresentar “a” bibliografia ideal da História de Portugal. A lista incluída no final apresenta apenas as obras que foram usadas especificamente ao redigir este texto . As imagens inseridas no livro, por sua vez, são apenas uma ínfima parte do que me inspirou e do que gostava de vos mostrar como ilustração das minhas considerações. Ciente destas óbvias limitações editoriais, criei um blogue que pode complementar a leitura destas linhas pela consulta de muitas mais imagens, referências bibliográficas e estudos de pormenor.
Assim, antes, durante ou depois da leitura deste livro espero por vós aqui neste sítio na internet.
A Capa -
(...) Neste pormenor temos representados oito homens todos vestidos do mesmo modo. As suas roupas e adereços não faziam parte dos hábitos de quotidiano dos japoneses, e como os seus trajes são muito semelhantes, devemos admitir que eram entendidos pelos nipónicos como formando um único grupo – eram os nanbanjin, os bárbaros do Sul, designação dada então aos portugueses. (...) (ver mais)
Foto 1 -
Tirei esta fotografia a 5 de fevereiro de 2018, durante uma viagem de trabalho a Vila do Bispo, na companhia do José Bettencourt, meu colega da Universidade e do CHAM, no âmbito da cooperação com a Câmara Municipal no domínio da Arqueologia. (...) (ver mais)
Foto 2 - As montanhas
(...) Esta diferença nítida entre o ocidente montanhoso e a Meseta, levou os Antigos a criarem uma estrada no sentido Norte – Sul que ligava a actual Gijón a Cadiz, correndo ao longo do extremo ocidental das planuras da Meseta. Ainda existe hoje com a denominação antiga de “Via da Prata”, e é a A66 espanhola entre Gijón e Sevilha, com extensão a Cadiz pela A4. (...) (ver mais)
Fotos 3 e 60 - Insularidade e o futuro
Portugal afirmou-se, inicialmente, no seio da Europa como um país territorialmente periférico, mas central do ponto de vista das ligações marítimas. Foi o mar que viabilizou a independência do reino, como se comprovou na crise de 1383-1385, quando foram as duas principais cidades marítimas que encabeçaram a resistência aos castelhanos e quando veio do mar o precioso auxílio da Inglaterra, rematado com uma aliança que seria crucial para a resistência dos portugueses aos ventos da História nos séculos seguintes. (...) (ver mais)
Foto 12 - A herança greco-romana
(...) Um cartaz de publicidade ao vinho do Porto pode ser, assim, muito mais do que um simples elemento de propaganda e transforma-se numa evidência da cultura portuguesa como parte da civilização europeia que nunca esqueceu o legado de gregos e romanos. (ver mais)
Foto 13 - Um país municipalista
(...) A criação de centenas de polos de vida social e económica, dotados de órgãos próprios (a vereação) e de legislação específica (a carta de foral) e com uma vivência institucional intensa, gerou populações com um forte espírito comunitário e com uma ligação directa com o poder central. (...) (ver mais)
Foto 17 - O Cristianismo, uma permanência
(...) duas igrejas de Santiago das Antas, em Famalicão, a primeira construída no século XII, e a poucas dezenas de metros a igreja edificada já neste século e inaugurada a 28 de novembro de 2016. Juntas testemunham uma mesma religião, nas suas sucessivas manifestações, artísticas e espirituais e simbolizam uma das permanências mais estruturantes da História de Portugal (...) (ver mais)
Foto 24 - A fronteira
A fronteira que separa Portugal da Espanha é a mais velha do mundo entre dois estados independentes. O Tratado de Alcanizes, celebrado em 12 de setembro de 1297 continua em vigor, com ligeiros acertos e com uma violação que persiste há 221 anos (Olivença), mas que persiste sem que os dois estados abram uma negociação. (...) (ver mais)
Foto 28 - Quando o leque mudou de mãos
(...) Os objectos chegados a Lisboa, em muitos casos, eram absolutamente desconhecidos. É o caso do leque – um abanico de origem japonesa que era colocado nos circuitos dos mares da Ásia pelos mercadores das ilhas de Ryukyu, denominadas pelos portugueses como léquias. No Japão, este objecto era usado sobretudo pelos homens da aristocracia. (...) (ver mais)
Fotos 31 e 32 - Príncipes europeus
(...) O deslumbramento do Império, e a política de neutralidade face aos conflitos europeus desenvolvida duradouramente pela monarquia, ajudou a criar este mito de que Portugal se desligara da Europa, mas os factos na sua simplicidade e multiplicidade demonstram inequivocamente o contrário. Encontrarão a justificação deste meu argumento em muitas passagens do livro, mas apresento-vos aqui dois dos testemunhos mais eloquentes e que, por isso, correspondem às fotografias 31 e 32 do livro. (...) (ver mais)
Foto 42 - A Républica
A proclamação da República iniciou um dos períodos mais efervescentes e fecundos da História de Portugal. Embora sejam mais recordados pela persistência da instabilidade política, memória que foi habilmente mantida pelo Estado Novo para estimular o quietismo e a aceitação da “segurança” da ditadura, os anos da 1ª República trouxeram inúmeras novidades e mantiveram o país no seu modelo secular de relações internacionais. (...) (ver mais)
A memória dos Césares
(...) Alegorias à mitologia e memórias de episódios da história de gregos e romanos são ainda hoje observáveis em inúmeros monumentos por todo o país, inclusive no painel que foi pintado propositadamente para a sala do plenário da Assembleia Regional dos Açores. (...) (ver mais)
Preâmbulo
(...) o meu irmão foi passear pela cidadezinha de máquina fotográfica em punho e foi registando imagens desse mundo remoto e pitoresco, até que o seu olhar captou duas bandeiras, que lhe despertaram a atenção, e fotografou-as; ao fazê-lo deu nas vistas e o proprietário interpelou-o em língua inglesa sobre a razão porque estava a fotografar as bandeiras, ao que ele, sorrindo, respondeu ainda em língua inglesa, que uma delas era a bandeira do seu próprio país. (...) (ver mais)
Entrevista na revista Sábado número 968
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